Na minha prática como gastrocirurgião em Goiânia, tenho acompanhado de perto um fenômeno que merece atenção: os sintomas de refluxo emocional.
São pacientes que chegam ao consultório com queixas digestivas típicas de refluxo, mas que, ao aprofundarmos a avaliação, revelam estar atravessando momentos de estresse, ansiedade ou sofrimento emocional.
Essa conexão entre mente e estômago é real. Estudos recentes mostram que o refluxo não é apenas causado por alimentação inadequada ou má postura, e em muitos casos, o gatilho é emocional.
Segundo dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia, cerca de 20% da população brasileira convive com refluxo gastroesofágico, e a literatura internacional aponta que, em até um terço desses casos, os fatores emocionais estão diretamente envolvidos.
O meu objetivo com esse artigo é explicar detalhadamente a relação entre refluxo e questões emocionais!
Quando a Emoção Afeta o Sistema Digestivo
Na minha rotina com os pacientes, é comum observar que os sintomas não surgem de forma isolada. Em épocas de maior pressão no trabalho, crises familiares ou perda de entes queridos, queixas como azia, queimação e sensação de bolo na garganta se intensificam.
Essa interação é explicada pelo chamado eixo intestino-cérebro, ou seja, trata-se de uma via de comunicação entre o sistema nervoso e o trato gastrointestinal.
Situações de estresse ativam o sistema nervoso simpático, alterando a produção de ácido e a motilidade do esôfago. O resultado? Um cenário ideal para o refluxo emocional se manifestar.
Sintomas de Refluxo Emocional
Nem sempre os sintomas aparecem de maneira clássica. Veja alguns dos sinais que escuto com frequência no consultório:
- Queimação no peito e azia, geralmente após refeições ou em momentos de tensão.
- Sensação de peso no estômago, mesmo após pequenas quantidades de comida.
- Nó na garganta ou dificuldade para engolir, especialmente em crises de ansiedade.
- Regurgitação ácida, onde o conteúdo do estômago retorna à boca.
- Tosse crônica ou pigarro constante, sem relação com resfriados.
- Insônia e irritabilidade, que surgem como consequência da má digestão.
É importante reforçar que esses sintomas, quando relacionados ao componente emocional, podem aparecer sem que haja alterações estruturais no esôfago.
E a endoscopia muitas vezes está normal, o que pode confundir pacientes e até alguns profissionais.
O Impacto das Emoções no Refluxo Emocional
O estresse contínuo, a ansiedade generalizada e episódios depressivos são os principais gatilhos, gerando tensão na musculatura do sistema digestivo e alterando o ritmo das contrações esofágicas.
Um estudo publicado no “World Journal of Gastroenterology” mostrou que pacientes com transtornos de ansiedade têm até três vezes mais chances de desenvolver refluxo.
No Brasil, pesquisas da USP também destacam essa associação, apontando que 47% das pessoas com refluxo crônico apresentam altos níveis de estresse.
Como Tratar de Forma Integral
Na condução dos casos em meu consultório, percebo que tratar apenas os sintomas físicos não é suficiente, sendo essencial abordar o paciente como um todo. Aqui estão algumas estratégias que recomendo:
Ajustes na Rotina e Alimentação
- Fazer refeições menores e mais frequentes;
- Evitar deitar logo após comer;
- Reduzir consumo de alimentos gordurosos, café, chocolate e álcool;
- Manter o peso corporal dentro do adequado.
Técnicas para o Controle Emocional
- Terapia cognitivo-comportamental, que ajuda o paciente a identificar e lidar com os gatilhos emocionais;
- Meditação e respiração consciente, indicadas para reduzir crises de ansiedade;
- Atividade física regular, com liberação de endorfinas que aliviam o estresse.
Suplementação e Medicamentos
Sempre com orientação médica, suplementação e medicamentos podem ser prescritos:
- Antiácidos e inibidores da bomba de prótons, para alívio dos sintomas físicos;
- Magnésio e triptofano, que auxiliam no relaxamento do sistema digestivo;
- Ômega 3, com propriedades anti-inflamatórias.
Nos casos em que o componente emocional predomina, encaminho meus pacientes também para acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, garantindo uma abordagem multidisciplinar e mais eficaz.
Quando Buscar Ajuda Especializada
Os sintomas de refluxo emocional não devem ser ignorados ou tratados apenas com antiácidos automedicados.
Se você percebe que seus sintomas pioram em momentos de tensão, ou se sente queimação no peito sem razão aparente, é hora de procurar um especialista.
Também é importante investigar se há perda de peso sem explicação, dificuldade para engolir persistente ou dor torácica recorrente.
Em Goiânia, tenho recebido cada vez mais pessoas buscando respostas para desconfortos gastrointestinais sem causa aparente. Muitas delas se surpreendem ao descobrir que a origem pode estar no emocional, e se sentem aliviadas ao iniciar um tratamento direcionado.
Conclusão
Cuidar do estômago é também cuidar da mente. Os sintomas de refluxo emocional nos mostram o quanto nossas emoções impactam diretamente nossa saúde física.
Em meu consultório, tenho visto como mudanças no estilo de vida, associadas a um olhar atento ao lado emocional, promovem uma melhora expressiva na qualidade de vida dos pacientes.
Se você se identificou com os sinais descritos ou conhece alguém que esteja passando por isso, marque uma consulta.
Vamos conversar, investigar a fundo e encontrar juntos a melhor forma de recuperar seu bem-estar digestivo e emocional.
Agende sua consulta comigo. Estou aqui para ajudar você a entender os sinais do seu corpo e oferecer um tratamento completo e humanizado.