Durante meus anos de prática como gastroenterologista em Goiânia, uma das perguntas que mais ouço no consultório é: “Doutor Thiago Tredicci, esse refluxo pode realmente me fazer mal?”.
A resposta, infelizmente, é mais séria do que muitos imaginam: refluxo pode matar quando não tratado adequadamente, e essa realidade precisa ser discutida abertamente.
A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) não é apenas uma “azianha” ocasional. Segundo estudos brasileiros, entre 12% e 31,3% da nossa população sofre com essa condição, o que representa milhões de pessoas.
Em minha experiência clínica, vejo diariamente como essa doença impacta a qualidade de vida dos pacientes, mas o que mais me preocupa são as complicações silenciosas que podem se desenvolver ao longo dos anos.
Para explicar quais os verdadeiros riscos do refluxo, elaborei esse artigo para mostrar as complicações possíveis e a importância do tratamento adequado!
O Que Realmente É a DRGE?
Em termos simples, o refluxo gastroesofágico ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna para o esôfago.
Durante minhas consultas, explico aos pacientes que a DRGE se manifesta principalmente através da azia (pirose) e regurgitação.
Mas também pode causar sintomas menos óbvios como tosse crônica, pigarro, dor no peito e até problemas respiratórios.
Muitas vezes, meus pacientes chegam ao consultório após peregrinarem por diferentes especialistas, sem suspeitar que a origem dos sintomas estava no refluxo.
A Realidade Brasileira: Números Que Preocupam
Uma pesquisa nacional revelou dados alarmantes: 28% dos brasileiros apresentam sintomas de refluxo, mas não associam esses sinais à doença. Isso significa que aproximadamente 20 milhões de pessoas no país podem estar sofrendo com DRGE sem diagnóstico adequado.
Em minha prática, confirmo essa estatística diariamente. Pacientes chegam relatando que “sempre tiveram azia” ou que “tomam antiácido toda semana”, como se isso fosse normal. Essa normalização dos sintomas é um dos maiores obstáculos que enfrento no tratamento.
Na região Centro-Oeste, onde atuo, os números são ainda mais preocupantes. Estudos mostram que 47% dos habitantes apresentam sintomas da doença, mas apenas 39% associam esses sintomas ao refluxo, demonstrando a necessidade urgente de conscientização sobre os riscos dessa condição.
Por Que o Refluxo Pode Matar: As Complicações Graves
A pergunta que dá título a este artigo “refluxo pode matar” tem uma base científica sólida, visto que as complicações são sérias quando a doença é negligenciada.
A complicação mais temida é o desenvolvimento do esôfago de Barrett, uma condição que atinge cerca de 3 milhões de brasileiros.
Nesta condição, as células normais do esôfago são substituídas por células anômalas devido à exposição crônica ao ácido gástrico. O esôfago de Barrett aumenta em até 20 vezes o risco de desenvolvimento de câncer de esôfago.
Durante minha prática, acompanho pacientes com esôfago de Barrett através de endoscopias regulares. É emocionante quando conseguimos detectar alterações precocemente, mas angustiante quando o diagnóstico chega tardiamente.
O Câncer de Esôfago: Uma Realidade Devastadora
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 10.990 novos casos de câncer de esôfago para o triênio 2023-2025 no Brasil. Esses números representam famílias que serão devastadas por uma doença que, em muitos casos, poderia ter sido prevenida com o tratamento adequado do refluxo.
O câncer de esôfago é uma das neoplasias mais agressivas que encontro. A taxa de sobrevida em cinco anos é de apenas 20%, e isso se deve ao fato de que muitas vezes o diagnóstico é feito em estágios avançados.
O que mais me entristece é saber que muitos desses casos poderiam ter sido evitados. Quando trato um paciente com DRGE adequadamente, estou não apenas melhorando sua qualidade de vida, mas potencialmente salvando sua vida.
Outras Complicações Sérias do Refluxo
Além do câncer, o refluxo não tratado pode causar diversas outras complicações graves:
- Esofagite erosiva: A inflamação crônica pode criar feridas no esôfago, causando dor intensa e dificuldade para engolir.
- Estenose esofágica: O estreitamento do esôfago devido à cicatrização pode levar à impossibilidade de se alimentar adequadamente.
- Complicações respiratórias: Muitos dos meus pacientes desenvolvem asma, pneumonia aspirativa e outros problemas pulmonares relacionados ao refluxo.
- Problemas dentários: O ácido que chega até a boca pode causar erosão dental severa, algo que ocorre em pacientes com refluxo não controlado.
Sinais de Alerta: Quando o Refluxo Se Torna Perigoso
Alguns sinais indicam que o refluxo evoluiu para um estágio mais perigoso. Oriento meus pacientes a procurar atendimento imediato quando apresentam:
- Dificuldade progressiva para engolir (disfagia)
- Perda de peso não intencional
- Vômito com sangue
- Fezes escuras
- Dor torácica intensa
- Tosse persistente com sangue
Esses sintomas podem indicar complicações graves que requerem investigação urgente.
Prevenção e Tratamento: Salvando Vidas
Felizmente, nem tudo são más notícias. Em minha prática, tenho a satisfação de ver pacientes que, com tratamento adequado, conseguem controlar completamente os sintomas e prevenir complicações.
O tratamento da DRGE envolve mudanças no estilo de vida, medicações específicas e, em casos selecionados, cirurgia.
Cada paciente requer uma abordagem individualizada, considerando seus sintomas, grau de comprometimento esofágico e fatores de risco.
Conclusão
Como gastroenterologista em Goiânia, posso afirmar com convicção que refluxo pode matar, mas essa tragédia é evitável na maioria dos casos.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir complicações graves como o câncer de esôfago.
A conscientização é o primeiro passo para salvar vidas. Não normalize a azia frequente, procure ajuda médica especializada.
O refluxo gastroesofágico é uma doença séria que merece atenção e tratamento profissional.
Você sofre com azia, queimação ou regurgitação frequentes? Não ignore esses sintomas.
Como gastroenterologista especialista em tratamento de refluxo em Goiânia, posso ajudá-lo a controlar essa condição e prevenir complicações graves.
Agende sua consulta hoje mesmo e dê o primeiro passo para proteger sua saúde digestiva e sua vida!