Você já sentiu aquela sensação incômoda de algo preso na garganta? Ou talvez uma irritação constante que o faz pigarrear repetidamente?

Como gastroenterologista especializado em distúrbios digestivos, posso afirmar com segurança: refluxo na garganta tem cura, ou pelo menos, pode ser efetivamente controlado na grande maioria dos casos.

Em minha prática clínica diária, observo inúmeros pacientes que chegam ao consultório desanimados, achando que terão que conviver com esse desconforto para sempre.

Felizmente, com o diagnóstico correto e a abordagem terapêutica adequada, é possível alcançar resultados muito positivos.

O que é o refluxo laringofaríngeo?

O refluxo laringofaríngeo ocorre quando o conteúdo ácido do estômago sobe pelo esôfago e atinge estruturas como a faringe e a laringe.

Diferente do refluxo gastroesofágico comum (DRGE), que causa principalmente azia e queimação no peito, o refluxo laringofaríngeo afeta predominantemente a região da garganta e das vias respiratórias superiores.

Em meus anos de atendimento, percebo que muitos pacientes ficam surpresos quando recebem esse diagnóstico, pois nem sempre apresentam os sintomas clássicos de azia ou queimação.

O curioso é que aproximadamente 60% dos meus pacientes com refluxo laringofaríngeo desconheciam completamente essa condição antes da consulta.

Sintomas e diagnóstico

Entre os sintomas mais frequentes, destaco:

  • Rouquidão persistente
  • Pigarro constante
  • Sensação de globus faríngeo (como se houvesse uma “bola” na garganta)
  • Tosse seca, especialmente após as refeições ou ao deitar
  • Irritação e dor de garganta recorrentes
  • Secreção excessiva de muco

O diagnóstico preciso é fundamental e geralmente envolve uma combinação de avaliação clínica detalhada e exames como a videolaringoscopia, que permite visualizar sinais de inflamação nas cordas vocais e na laringe.

Em casos mais complexos, posso solicitar exames complementares como a pHmetria esofágica de 24 horas, que mede precisamente a quantidade de ácido que retorna do estômago.

Estatísticas alarmantes no Brasil e no mundo

Os números sobre o refluxo no Brasil são preocupantes. Estudos indicam que a doença do refluxo gastroesofágico afeta cerca de 20% da população brasileira urbana, o que representa entre 20 a 30 milhões de pessoas.

Na região Centro-Oeste, pesquisas revelam que 47% dos habitantes apresentam sintomas relacionados ao refluxo, embora 60% desconheçam a doença.

Mundialmente, aproximadamente 5% da população global sofre diariamente com problemas de refluxo. Em minha experiência clínica, tenho observado um aumento considerável de casos nos últimos anos, o que também é confirmado pela literatura médica internacional.

Fatores de risco e causas

Diversos fatores podem desencadear ou agravar o refluxo laringofaríngeo:

  • Alimentação inadequada (excesso de gorduras, alimentos apimentados)
  • Obesidade, principalmente abdominal
  • Estresse crônico
  • Tabagismo e consumo de álcool
  • Determinados medicamentos (como alguns para hipertensão)
  • Hérnia de hiato
  • Problemas de digestão com esvaziamento lento do estômago

Interessantemente, estudos recentes apontam uma relação entre refluxo laringofaríngeo refratário (resistente ao tratamento convencional) e quadros de ansiedade e/ou depressão.

Refluxo na garganta tem cura: abordagens terapêuticas eficazes

Sim, o refluxo na garganta tem cura ou, no mínimo, pode ser muito bem controlado com a abordagem correta. O tratamento que costumo recomendar aos meus pacientes consiste em:

Mudanças no estilo de vida

  • Elevação da cabeceira da cama (15 cm)
  • Evitar deitar logo após as refeições (aguardar pelo menos 3 horas)
  • Refeições menores e mais frequentes
  • Manter peso adequado
  • Técnicas de manejo do estresse

Ajustes alimentares

Oriento meus pacientes a evitar:

  • Bebidas alcoólicas e gasosas
  • Alimentos gordurosos e frituras
  • Chocolate e café
  • Alimentos ácidos como tomate e cítricos
  • Bebidas com cafeína

Tratamento medicamentoso

Na maioria dos casos, prescrevo inibidores da bomba de prótons (como omeprazol, pantoprazol ou esomeprazol), geralmente em duas doses diárias por um período de 2 a 3 meses.

Ao contrário do refluxo gastroesofágico comum, o refluxo laringofaríngeo frequentemente requer doses maiores e tratamento mais prolongado.

Em casos selecionados, medicamentos procinéticos podem ser adicionados para melhorar o esvaziamento gástrico.

Tratamento cirúrgico

Para pacientes que não respondem adequadamente ao tratamento clínico, a cirurgia anti-refluxo (fundoplicatura) pode ser considerada.

Este procedimento cria uma válvula anti-refluxo ao envolver a parte superior do estômago em volta do esôfago, reforçando o esfíncter esofágico inferior.

A cirurgia hoje é realizada preferencialmente por videolaparoscopia, com pequenos cortes no abdômen, o que reduz significativamente o tempo de recuperação e as complicações pós-operatórias.

Remédios caseiros e complementares

Como complemento ao tratamento convencional, frequentemente sugiro aos meus pacientes algumas opções naturais que podem auxiliar no alívio dos sintomas:

  • Chá de camomila (propriedades anti-inflamatórias)
  • Suco de batata crua (ajuda a neutralizar a acidez)
  • Chá de gengibre em pequenas quantidades
  • Ingestão adequada de água ao longo do dia

É importante ressaltar que esses remédios caseiros devem ser usados como complemento, nunca substituindo o tratamento médico prescrito.

Conclusão

Após mais de 15 anos tratando pacientes com refluxo laringofaríngeo, posso afirmar com convicção que refluxo na garganta tem cura ou, no mínimo, pode ser controlado efetivamente na grande maioria dos casos.

O segredo está no diagnóstico preciso, na adesão ao tratamento e nas mudanças de estilo de vida.

Muitos dos meus pacientes que chegaram ao consultório desanimados, após anos sofrendo com pigarro constante, rouquidão e sensação de bola na garganta, hoje levam uma vida normal, sem limitações.

O tratamento adequado não apenas elimina os sintomas incômodos, mas também previne complicações mais sérias como lesões nas cordas vocais e problemas respiratórios crônicos.

Vale lembrar que cada caso é único e a personalização do tratamento é fundamental para o sucesso terapêutico.

Está sofrendo com sintomas de refluxo na garganta? Não deixe que esse desconforto limite sua qualidade de vida.

Agende hoje mesmo uma consulta com nossa equipe e descubra como podemos ajudar no seu tratamento.

Dr. Thiago Tredicci, Gastroenterologista e Cirurgião do Aparelho Digestivo. Experiente em cirurgia geral. CRM GO 12828, RQE 8168 e 8626.