Ao longo de minha trajetória como especialista em doenças do aparelho digestivo, tenho observado que a gastrectomia representa um procedimento indicado no tratamento de diversas condições do sistema gastrointestinal.
Gastrectomia o que é e quando é indicada é uma dúvida frequente entre meus pacientes no consultório, especialmente quando se deparam com diagnósticos que podem requerer esta intervenção.
Antes de qualquer decisão cirúrgica, é fundamental consultar um médico cirurgião do aparelho digestivo, profissional capacitado para realizar avaliações completas, incluindo análise do histórico médico, exames físicos e complementares para determinar a real necessidade do procedimento.
Reuni neste artigo tudo o que você precisa saber sobre gastrectomia, o que é, indicações e informações importantes sobre o pós-operatório!
O que é a gastrectomia?
A gastrectomia consiste em um procedimento cirúrgico que visa a remoção total ou parcial do estômago.
Em alguns casos, quando necessário, também podem ser removidos órgãos adjacentes como baço e pâncreas, dependendo da extensão e gravidade da condição de base.
No cotidiano de minha prática clínica, observo que, embora a ideia de remover o estômago cause apreensão inicial, muitos pacientes se surpreendem ao saber que é possível viver sem este órgão, adaptando-se a uma nova realidade alimentar.
Tipos de procedimentos
Existem três modalidades principais de gastrectomia, cada uma com indicações específicas:
- Gastrectomia total: Procedimento em que todo o estômago é removido, sendo geralmente indicado para pacientes com tumores extensos. Durante a cirurgia, é feita uma conexão direta entre o esôfago e o intestino delgado.
- Gastrectomia parcial/subtotal: Remove apenas uma porção do estômago, geralmente a metade inferior. Esta técnica é frequentemente empregada em casos de tumores localizados ou úlceras crônicas. 71,9% dos procedimentos realizados são gastrectomias subtotais, contra 28,1% de gastrectomias totais.
- Gastrectomia vertical: Técnica que consiste na redução do volume estomacal, mantendo sua continuidade anatômica. É frequentemente indicada como opção para tratamento cirúrgico da obesidade.
Gastrectomia o que é e quando é indicada
As indicações para este procedimento são diversas, sendo algumas situações recorrentes:
- Câncer gástrico: Principal indicação na atualidade. Estudos indicam que o tratamento cirúrgico permanece como a única alternativa para tentativa de cura do câncer gástrico. Vale frisar que a detecção precoce aumenta significativamente as chances de sobrevida.
- Úlceras refratárias: Casos de úlceras de difícil controle medicamentoso, especialmente aquelas com sangramento recorrente.
- Obesidade mórbida: Para pacientes com IMC superior a 35 kg/m², conforme diretrizes internacionais da IFSO e ASMBS publicadas em 2018, a gastrectomia vertical pode ser considerada.
- Outras condições: Inflamações estomacais crônicas, pólipos gástricos múltiplos ou recorrentes, e algumas situações específicas de sangramento gastrointestinal.
Aspectos técnicos e procedimentais
O procedimento cirúrgico pode ser feito por diferentes técnicas. A abordagem convencional (aberta) utiliza uma incisão abdominal para acesso ao estômago.
Entretanto, priorizo técnicas minimamente invasivas como a laparoscópica e a robótica, que proporcionam menor dor pós-operatória e recuperação mais rápida para meus pacientes.
A cirurgia é realizada sob anestesia geral, com duração média de duas a três horas. No pós-operatório imediato, que geralmente dura de 5 a 7 dias, a reintrodução alimentar é gradual e a reabilitação com auxílio de medicamentos e fisioterapia é fundamental.
Resultados e estatísticas
Dados recentes de minha prática clínica, alinhados com a literatura científica, demonstram resultados encorajadores.
Um estudo com 289 pacientes submetidos à gastrectomia (67% homens, mediana de idade de 65 anos) mostrou uma mortalidade pós-operatória de apenas 2,4%, com morbidade severa em torno de 11%.
Outro estudo conduzido na Colômbia com 743 pacientes revelou que hospitais com alto volume cirúrgico (mais de 26 gastrectomias anuais) apresentam menor mortalidade em 6 meses (HR 0,44; IC 95% 0,27-0,71).
Estes dados reforçam a importância da experiência do cirurgião e da estrutura hospitalar nos resultados pós-operatórios.
Pós-operatório e qualidade de vida
Após a gastrectomia, os pacientes necessitam adaptar-se a uma nova realidade alimentar, devendo seguir essas orientações:
- Refeições em porções menores, com maior frequência diária.
- Suplementação vitamínica específica, principalmente após gastrectomia total.
A reabilitação nutricional é fundamental para garantir boa qualidade de vida pós-operatória
Em casos oncológicos, a sobrevida varia conforme o estadiamento do tumor. Pacientes com diagnóstico precoce podem atingir taxas de sobrevida em cinco anos superiores a 90%, enquanto casos mais avançados apresentam sobrevida de 25,7% a 43,5%.
Conclusão
A gastrectomia, apesar de ser um procedimento complexo, representa uma opção terapêutica fundamental para diversas condições, especialmente o câncer gástrico.
Como cirurgião especialista do trato gastrointestinal, enfatizo a importância do diagnóstico precoce e da busca por centros de referência com equipes experientes para melhores resultados.
Sempre oriento meus pacientes que a decisão cirúrgica deve ser cuidadosamente ponderada, considerando riscos e benefícios individualizados.