O câncer de fígado é uma doença um tanto quanto desafiadora, mas os avanços na medicina têm proporcionado mais chances de tratamento e, em alguns casos, a cura de câncer de fígado.
Como cirurgião do aparelho digestivo em Goiânia, vejo diariamente pacientes preocupados com o prognóstico dessa doença.
Muitos chegam ao consultório com dúvidas sobre as opções de tratamento e as possibilidades de recuperação.
Meu objetivo é esclarecer esses pontos de forma simples, para que todos possam compreender melhor sua condição e tomar decisões informadas.
O que influencia as chances de cura de câncer de fígado?
A possibilidade de cura do câncer de fígado depende de alguns fatores importantes:
Estágio da doença
O estágio do câncer é um dos principais fatores que determinam o prognóstico. Quando diagnosticado no início, as chances de sucesso são muito maiores.
O câncer de fígado pode ser classificado em:
- Localizado: O tumor está restrito ao fígado e ainda não se espalhou. Nessa fase, as opções de tratamento curativo são mais eficazes.
- Regional: A doença já atingiu tecidos vizinhos ou linfonodos, reduzindo um pouco as chances de cura.
- Metastático: Quando o câncer se espalha para outros órgãos, o tratamento passa a ser focado no controle da doença e na qualidade de vida do paciente.
Saúde do fígado
A presença de doenças hepáticas, como cirrose, pode afetar a resposta ao tratamento.
Pacientes com um fígado mais comprometido têm mais dificuldades para suportar alguns procedimentos, como cirurgias extensas.
Acesso ao tratamento
Infelizmente, muitos pacientes chegam ao consultório com a doença avançada porque não tiveram acesso ao diagnóstico precoce.
Consultas regulares e exames de imagem podem identificar tumores pequenos, aumentando as chances de cura.
Tratamentos para o câncer de fígado
A medicina evoluiu bastante nas últimas décadas, e com isso, os tratamentos para o câncer de fígado são bastante promissores:
Cirurgia: A principal opção curativa
A ressecção hepática é o tratamento ideal para tumores localizados e pacientes com bom funcionamento do fígado. Se o tumor for removido completamente, as chances de sobrevida em cinco anos podem chegar a 90%.
Outra opção é o transplante de fígado, indicado para pacientes com tumores dentro dos Critérios de Milão (tumor único de até 5 cm ou até três tumores de até 3 cm).
O transplante pode proporcionar cura em mais de 60% dos casos.
Terapias locorregionais
Quando a cirurgia não é possível, outros procedimentos podem ajudar a controlar a doença:
- Ablação por radiofrequência ou micro-ondas: Trata tumores pequenos com calor, destruindo as células cancerígenas.
- Quimioembolização transarterial (TACE): Injeta quimioterápicos diretamente no tumor, reduzindo seu crescimento.
Terapias sistêmicas
Para tumores mais avançados, medicamentos como imunoterapia e terapia-alvo têm mostrado bons resultados.
A combinação de atezolizumabe e bevacizumabe aumentou significativamente a sobrevida de pacientes com câncer de fígado em estágio avançado.
A importância do diagnóstico precoce
Quanto mais cedo a doença é identificado, maiores são as chances de cura. Recomendo exames regulares para pacientes com fatores de risco, como:
- Hepatites B e C;
- Cirrose;
- Histórico familiar de câncer de fígado;
- Consumo excessivo de álcool.
Ultrassonografia e exames de sangue são fundamentais para detectar a doença ainda em estágios iniciais.
Conclusão
A cura de câncer de fígado é possível em muitos casos, especialmente quando diagnosticado precocemente.
Como cirurgião, sempre busco orientar meus pacientes sobre a importância do rastreamento e das opções de tratamento disponíveis.
O conhecimento e a prevenção são as melhores formas de combater essa doença.
Se você ou alguém que conhece tem fatores de risco, procure um especialista para avaliação.
A medicina avança a cada dia, trazendo novas esperanças para aqueles que enfrentam essa condição e oferecendo alternativas cada vez mais eficazes para garantir qualidade de vida e bem-estar.