O câncer colorretal representa um dos desafios mais frequentes em minha prática como gastrocirurgião em Goiânia.

Ao longo dos últimos 15 anos dedicados ao diagnóstico e tratamento de doenças do trato digestivo, tenho observado mudanças significativas no perfil epidemiológico desta neoplasia, bem como avanços importantes nas estratégias terapêuticas disponíveis.

Meus pacientes frequentemente trazem dúvidas sobre sintomas, fatores de risco e formas de prevenção, pois essa doença costuma gerar preocupações significativas.

Durante meu dia a dia, percebo a relevância de um acompanhamento adequado e de orientações claras para minimizar o impacto desse problema na vida das pessoas.

O meu objetivo com esse conteúdo é justamente esclarecer todas as dúvidas sobre câncer colorretal, desde o que é até medidas de prevenção.

O que é o câncer colorretal?

O câncer colorretal se caracteriza pelo crescimento anormal de células no intestino grosso (cólon) ou na porção final dele, o reto.

Esses tumores podem surgir a partir de pólipos — pequenas projeções que se desenvolvem na parede interna do intestino.

Quando não diagnosticados e removidos precocemente, esses pólipos podem evoluir para uma neoplasia.

Sendo assim, a identificação dessas alterações em fases iniciais tende a melhorar muito o prognóstico.

Fatores de risco e prevenção

Confira a seguir os principais fatores de risco e medidas preventivas:

Idade e histórico familiar

A maioria dos casos acontece em indivíduos com mais de 50 anos, porém, pessoas mais jovens também podem apresentar essa doença.

Há situações em que o histórico familiar desempenha papel fundamental: se alguém na família já teve câncer colorretal ou pólipos, o risco de surgimento em outros parentes aumenta.

É importante a busca por informações sobre parentes próximos, pois isso orienta investigações mais direcionadas.

Estilo de vida e hábitos alimentares

Alimentar-se de forma equilibrada e manter uma rotina de exercícios físicos são atitudes que fazem diferença.

O excesso de carnes processadas, consumo abusivo de álcool e sedentarismo surgem como pontos de atenção.

Adotar cardápios ricos em fibras e vegetais, além de proteínas mais saudáveis, costuma ter impacto positivo na prevenção.

Práticas como reduzir o consumo de açúcar e gorduras também são bem-vindas para o bom funcionamento intestinal.

Doenças inflamatórias intestinais

Pessoas com condições inflamatórias crônicas, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, podem ter maior probabilidade de desenvolver lesões cancerígenas no cólon.

No consultório, proponho estratégias de acompanhamento constante, com exames regulares para avaliar a mucosa intestinal. Esse cuidado ajuda a detectar qualquer anormalidade de modo precoce.

Sintomas e sinais de alerta

O câncer colorretal pode ser silencioso nos estágios iniciais. Alguns indivíduos só percebem sintomas quando a doença já está em fase avançada.

Mesmo assim, é preciso ficar atento a:

  • Mudanças nos hábitos intestinais, como diarreia ou constipação persistentes;
  • Presença de sangue nas fezes;
  • Sensação de esvaziamento incompleto;
  • Fadiga intensa;
  • Perda de peso inexplicável.

Na identificação de alguns desses indícios, o melhor a se fazer é agendar uma consulta com um gastroenterologista o quanto antes para uma avaliação do quadro.

Métodos diagnósticos

Para confirmar o diagnóstico, exames específicos são solicitados:

Colonoscopia

Entre as ferramentas de maior precisão está a colonoscopia, que possibilita a visualização de todo o cólon e reto.

Nesse procedimento, podemos identificar pólipos ou lesões suspeitas e até removê-las para análise.

A recomendação costuma ser iniciar a rotina de exames por volta dos 50 anos, repetindo em intervalos regulares.

Em casos de histórico familiar, sugiro antecipar a avaliação, pois a chance de detecção precoce aumenta substancialmente.

Teste de sangue oculto nas fezes

Outro recurso é a pesquisa de sangue oculto, que detecta quantidades minúsculas de sangue misturadas às fezes.

Esse teste funciona como triagem e ajuda a indicar quem deve ser encaminhado para uma colonoscopia, ainda que não substitua a avaliação endoscópica em indivíduos com fatores de risco mais elevados.

Muitos pacientes mostram receio em relação a esses exames, mas esclareço sempre que a prevenção compensa qualquer desconforto momentâneo.

Tratamentos disponíveis

A escolha do tratamento depende do estágio da doença. Quando o diagnóstico ocorre precocemente, a remoção de pólipos pode ser suficiente para evitar progressões graves.

Em quadros mais avançados, a cirurgia para retirada de parte do intestino e, em certas situações, a ostomia, podem ser necessários.

A quimioterapia e a radioterapia também podem entrar em cena, combinadas ou separadas, dependendo de cada contexto clínico.

Manter o apoio multidisciplinar é fundamental. A participação de nutricionistas, psicólogos e enfermeiros especializados na área oncológica auxilia na condução de um tratamento mais completo.

Essa rede de apoio faz diferença na qualidade de vida durante o processo de recuperação.

Impacto na qualidade de vida

O câncer colorretal, quando não abordado adequadamente, tende a gerar consequências físicas e emocionais.

Alguns pacientes relatam mudanças nos hábitos alimentares ou maior dificuldade para executar tarefas rotineiras.

Sensações de medo e insegurança surgem com frequência, mas costumo orientar a busca por grupos de apoio e aconselhamento psicológico.

Dessa maneira, o paciente sente-se amparado e tem maior tranquilidade para enfrentar os desafios.

Importância do acompanhamento médico

O gastroenterologista exerce papel estratégico desde o rastreamento até o pós-tratamento.

Faço questão de reforçar que consultas periódicas auxiliam na identificação de novos pólipos ou eventuais reincidências.

O mesmo vale para o cuidado continuado com nutrição e possíveis efeitos tardios da quimioterapia ou radioterapia.

Manter a comunicação aberta com o especialista ajuda a esclarecer dúvidas e reduzir ansiedades.

Relação com outras condições intestinais

Alguns dos meus pacientes questionam se doenças funcionais, como a síndrome do intestino irritável, aumentam o risco de desenvolver câncer colorretal.

Não há evidências sólidas de que essas condições, por si só, gerem maior incidência de neoplasia.

Ainda assim, sintomas persistentes ou incomuns devem ser sempre avaliados, porque a colonoscopia afasta suspeitas e traz segurança.

Como se proteger

Um passo significativo para diminuir a probabilidade de surgimento desse tipo de câncer é manter uma rotina de cuidados preventivos, como:

  • Uma dieta balanceada, rica em frutas, legumes e fibras, somada à prática regular de atividades físicas, ajuda a controlar o peso corporal.
  • Evitar o cigarro e moderar no consumo de bebidas alcoólicas.
  • Realizar check-ups em intervalos programados contribui para a descoberta de lesões iniciais.
  • Aqueles que têm familiares com histórico de câncer do intestino grosso devem conversar com um gastroenterologista e decidir a melhor idade para iniciar o rastreamento.

Conclusão

Cuidar ativamente da saúde intestinal representa um investimento valioso no bem-estar, e tudo começa com o acompanhamento com um gastroenterologista especialista.

O câncer colorretal não precisa ser encarado como sentença definitiva, sobretudo se houver ações preventivas e tratamento precoce.

Convido quem se encaixa nos critérios de risco a realizar seus exames de rastreamento. Compartilhe esse alerta com familiares e amigos.

A detecção antecipada salva vidas e possibilita tratamentos menos invasivos!

Imagens: Créditos Freepik

Dr. Thiago Tredicci, Gastroenterologista e Cirurgião do Aparelho Digestivo. Experiente em cirurgia geral. CRM GO 12828, RQE 8168 e 8626.