Como gastrocirurgião especialista em cirurgias do aparelho digestivo, uma das perguntas que mais escuto em meu consultório é: “Doutor Thiago, o câncer de esôfago tem cura?”
Esta questão, carregada de angústia e esperança, merece uma resposta clara e fundamentada.
Ao longo dos meus anos de prática médica, tenho testemunhado avanços significativos no tratamento desta doença, e posso afirmar que sim, em muitos casos, o câncer de esôfago tem cura, especialmente quando diagnosticado precocemente.
Neste artigo, irei abordar todos os detalhes do câncer de esôfago, e mais importante: falar sobre a possibilidade de cura!
Compreendendo o Câncer de Esôfago no Brasil
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estimam-se 10.990 novos casos de câncer de esôfago para o triênio 2023-2025, representando uma incidência de 5,1 casos por 100 mil habitantes.
Este número coloca nosso país como o sexto em incidência mundial entre homens, uma estatística que me motiva diariamente a buscar os melhores tratamentos para meus pacientes.
Este tipo de câncer afeta predominantemente homens, com uma proporção de quase três para um em relação às mulheres.
Esta disparidade está diretamente relacionada aos principais fatores de risco: tabagismo, etilismo, refluxo gastroesofágico e obesidade.
Os Tipos de Câncer de Esôfago
Existem principalmente dois tipos histológicos de câncer de esôfago.
- O adenocarcinoma, que representa aproximadamente 55% dos casos, geralmente se desenvolve na porção inferior do órgão, próximo à junção com o estômago.
- O carcinoma de células escamosas (epidermóide), por sua vez, costuma acometer as porções média e superior do esôfago.
Dados de estudos brasileiros mostram que o carcinoma espinocelular apresenta sobrevida de 22,8% em cinco anos, enquanto o adenocarcinoma registra 20,2%.
No entanto, quando considero apenas os pacientes tratados cirurgicamente com intenção curativa, observo taxas muito mais animadoras: 56,6% para espinocelular e 58% para adenocarcinoma.
Quando o Câncer de Esôfago Tem Cura: A Importância do Diagnóstico Precoce
A resposta à pergunta se o câncer de esôfago tem cura está intimamente relacionada ao estágio da doença no momento do diagnóstico.
Pacientes com tumores localizados (sem disseminação) apresentam taxas de sobrevida de 47% em cinco anos. Estes números contrastam drasticamente com casos avançados, onde a sobrevida pode cair para apenas 5%.
Estudos recentes de centros especializados demonstram resultados ainda mais promissores.
Pesquisas brasileiras revelam que a sobrevida global em cinco anos pode atingir 59,7% quando o tratamento é realizado por equipes especializadas.
Esta estatística reforça minha convicção de que a especialização e experiência da equipe médica são fatores determinantes no prognóstico.
Inovações no Tratamento: Novas Esperanças
Um dos avanços mais significativos que tenho acompanhado em minha área é o uso da imunoterapia.
Estudos internacionais mostram que o nivolumabe pode dobrar a sobrevida dos pacientes com câncer de esôfago, reduzindo o risco de recidiva e óbito em mais de 30%. Este medicamento, já aprovado no Brasil, representa uma nova esperança para pacientes em estágios mais avançados.
A combinação de quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia) também tem demonstrado resultados promissores.
Em estudos que acompanho, observo que esta abordagem contribui para aumentar a sobrevida dos pacientes, mesmo que possa resultar em maior incidência de complicações imediatas à cirurgia.
Sinais de Alerta: Quando Buscar Ajuda
Sempre oriento meus pacientes sobre os principais sintomas que devem motivá-los a buscar avaliação médica.
- Disfagia (dificuldade para engolir).
- Dor retroesternal.
- Perda de peso não intencional.
- Rouquidão persistente.
- Sensação de alimento “preso” na garganta.
Infelizmente, observo que a maioria dos diagnósticos ainda ocorre em estágios avançados, quando os sintomas já são evidentes.
Por isso, encorajo pacientes com fatores de risco, especialmente aqueles com refluxo gastroesofágico sintomático, tabagistas ou etilistas, a realizar endoscopias periódicas.
Tratamentos Disponíveis: Uma Abordagem Multidisciplinar
Quando perguntam se o câncer de esôfago tem cura, explico que o sucesso do tratamento depende de uma abordagem multidisciplinar personalizada.
O tratamento pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação dessas modalidades.
Para tumores iniciais, a ressecção endoscópica pode ser uma opção menos invasiva. Em casos mais avançados, a esofagectomia (remoção cirúrgica do esôfago) permanece como o tratamento de escolha.
Atualmente, realizo muitos desses procedimentos por técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia ou cirurgia robótica, o que proporciona recuperação mais rápida e menor desconforto aos pacientes.
Fatores que Influenciam o Prognóstico
Diversos fatores influenciam diretamente as chances de cura:
- O estadiamento TNM (que avalia tumor, linfonodos e metástases) é o principal determinante do prognóstico.
- Pacientes com invasão local limitada (T1/T2) e sem comprometimento linfonodal apresentam melhores resultados em minha experiência.
A experiência da equipe cirúrgica também é fundamental.
Estudos do INCA demonstram que a especialização do cirurgião e sua equipe, juntamente com adequada avaliação pré-operatória e manejo pós-operatório multidisciplinar, são determinantes na melhoria dos resultados.
Conclusão
Ao responder se o câncer de esôfago tem cura, posso afirmar com base em minha experiência e nos dados científicos atuais que sim, esta doença pode ser curada, sobretudo quando diagnosticada precocemente.
Embora as estatísticas gerais mostrem sobrevida de 15-25% em cinco anos, casos tratados em centros especializados e em estágios iniciais apresentam resultados muito superiores.
A evolução dos tratamentos, como imunoterapia, técnicas cirúrgicas minimamente invasivas e abordagens multidisciplinares, oferece esperança crescente aos pacientes.
Tenho testemunhado histórias de superação e cura que reafirmam minha convicção de que o câncer de esôfago tem cura quando tratado adequadamente.
A chave para o sucesso está no diagnóstico precoce, tratamento especializado e acompanhamento multidisciplinar.
Por isso, encorajo sempre meus pacientes a não perderem a esperança e a buscarem tratamento em centros especializados.
Agende sua consulta hoje mesmo. Estou à sua disposição para oferecer o melhor tratamento personalizado para seu caso. Sua saúde não pode esperar!