O câncer de esôfago representa uma das malignidades mais desafiadoras do sistema digestivo, e infelizmente, muitos casos são diagnosticados apenas quando a doença já se encontra em estágios avançados.
Em minha experiência como gastrocirurgião especialista, posso afirmar que os sintomas de câncer de esôfago em fase terminal manifestam-se de forma progressiva e intensa, exigindo uma abordagem cuidadosa e humanizada para proporcionar o melhor conforto possível aos pacientes.
Este tumor, que representa o oitavo tipo de câncer mais comum mundialmente, apresenta características particulares quando atinge suas fases mais críticas, demandando conhecimento específico para seu controle adequado.
Elaborei este artigo explicando em detalhes os sintomas do estágio avançado de câncer de esôfago, além do tratamento paliativo para a promoção de melhor qualidade de vida aos pacientes.
Compreendendo a Evolução da Doença Esofágica
O câncer de esôfago desenvolve-se silenciosamente em suas fases iniciais, tornando-se sintomático apenas quando a doença já está estabelecida.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para o triênio 2023-2025 é de 10.990 novos casos de câncer de esôfago no Brasil, sendo esta a sexta causa de morte por câncer em homens e a quinta em mulheres.
Esta realidade estatística reflete a gravidade da condição e a importância de compreendermos os sinais que indicam a progressão para fases terminais.
A doença manifesta-se predominantemente em duas formas histológicas: o carcinoma espinocelular, mais comum na porção superior e média do esôfago, e o adenocarcinoma, que tipicamente surge na região inferior próxima ao estômago.
Ambos os tipos podem evoluir para estágios terminais com características clínicas similares, embora com algumas particularidades específicas.
Principais Sintomas de Câncer de Esôfago em Fase Terminal
Disfagia Progressiva e Severa
O sintoma mais característico da fase terminal do câncer de esôfago é a disfagia severa, ou seja, a extrema dificuldade para deglutir.
Diferentemente dos estágios iniciais, onde os pacientes conseguem adaptar-se com alimentos pastosos, na fase terminal a deglutição torna-se praticamente impossível, mesmo para líquidos.
Esta progressão é gradual mas implacável: inicialmente há dificuldade com sólidos, evoluindo para pastosos e, finalmente, até mesmo a saliva torna-se difícil de engolir.
Estudos internacionais demonstram que aproximadamente 86% dos pacientes apresentam melhora inicial dos escores de disfagia com tratamentos paliativos, porém, a mediana de sobrevivência permanece em torno de 77 dias.
Dor Intensa e Persistente
A dor torácica intensa constitui outro marco dos sintomas terminais. Meus pacientes descrevem com frequência uma sensação de pressão ou queimação retroesternal que se intensifica progressivamente.
Esta dor pode irradiar para as costas e torna-se refratária aos analgésicos convencionais, necessitando de abordagens especializadas em cuidados paliativos.
A dor óssea também é um sintoma significativo quando há disseminação metastática, afetando principalmente a coluna vertebral, costelas e outros ossos.
Deterioração do Estado Geral
A perda de peso extrema e a caquexia oncológica representam características marcantes da fase terminal.
Pacientes normalmente perdem mais de 10% do peso corporal em poucas semanas. Esta perda não resulta apenas da dificuldade alimentar, como também do hipermetabolismo característico da doença avançada.
O estado de fadiga extrema e fraqueza generalizada progressivamente limita as atividades básicas da vida diária.
Dados brasileiros indicam que a taxa de mortalidade padronizada por idade em homens foi de 17,6 por 100.000 habitantes em 2017, evidenciando a letalidade da doença.
Sintomas Respiratórios e Neurológicos Avançados
Complicações Respiratórias
Em estágios terminais, há igualmente o desenvolvimento de tosse persistente e rouquidão severa devido à compressão ou infiltração de estruturas adjacentes.
Quando o tumor invade o nervo laríngeo recorrente, a rouquidão torna-se permanente e a voz pode reduzir-se a um sussurro.
A falta de ar (dispneia) surge quando há disseminação pulmonar ou compressão de estruturas mediastinais.
Estudos demonstram que aproximadamente 60% dos pacientes apresentam metástases à distância no momento do diagnóstico, sendo os pulmões um dos locais mais acometidos.
Manifestações Neurológicas
As alterações neurológicas incluem confusão mental, mudanças de humor e diminuição do nível de consciência.
Quando há disseminação cerebral, podem ocorrer convulsões e déficits neurológicos focais.
Complicações Hemorrágicas e Digestivas
Os episódios de hemorragia digestiva constituem emergências médicas frequentes na fase terminal.
Os pacientes podem apresentar vômitos com sangue (hematêmese) ou fezes escuras e melena devido ao sangramento tumoral.
Estes episódios contribuem significativamente para o desenvolvimento de anemia severa e deterioração do estado geral.
A obstrução completa do esôfago representa o estágio mais crítico, impossibilitando qualquer forma de deglutição e causando acúmulo de secreções na cavidade oral.
Esta condição gera extremo desconforto e ansiedade tanto para pacientes quanto para familiares.
Dados Epidemiológicos e Prognóstico
Estatísticas internacionais revelam que a taxa de sobrevivência de cinco anos para câncer de esôfago em estágio 4 é inferior a 5%.
No Brasil, estudos demonstram uma redução nas taxas de mortalidade entre 1990 e 2017, porém, a mortalidade permanece aproximadamente quatro vezes maior em homens comparado às mulheres.
A idade avançada constitui fator prognóstico importante, com taxas de mortalidade de 54,7 por 100.000 habitantes em pessoas com 70 anos ou mais.
Abordagem Paliativa e Qualidade de Vida
O foco do tratamento na fase terminal volta-se exclusivamente para o controle sintomático e manutenção da qualidade de vida.
Procedimentos paliativos como dilatação esofágica, colocação de stents ou terapias ablativas podem proporcionar alívio temporário da disfagia.
Privilegio uma abordagem multidisciplinar envolvendo oncologistas, nutricionistas, psicólogos e cuidados paliativos especializados.
O suporte nutricional através de gastrostomia ou jejunostomia torna-se geralmente necessário para manter aporte calórico adequado.
Conclusão
Os sintomas de câncer de esôfago em fase terminal representam um conjunto complexo de manifestações que exigem compreensão e tratamento especializado.
O reconhecimento precoce destes sinais permite uma abordagem mais humanizada e eficaz no controle do sofrimento.
Embora o prognóstico seja reservado, medidas paliativas adequadas podem proporcionar dignidade e conforto nos momentos finais.
A conscientização sobre estes sintomas é fundamental tanto para profissionais de saúde quanto para familiares, permitindo decisões terapêuticas mais conscientes e cuidados mais compassivos.
Se você ou um familiar apresenta sintomas relacionados ao trato digestivo, não hesite em buscar avaliação médica especializada.
Como gastrocirurgião com ampla experiência em cirurgias do aparelho digestivo, ofereço consultas especializadas para diagnóstico e tratamento de condições esofágicas.
Entre em contato conosco e tire todas as suas dúvidas sobre prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de esôfago!