A cirurgia do fígado é um procedimento complexo que evoluiu significativamente nas últimas décadas.
Com relação à cirurgia do fígado o que você precisa saber antes de decidir, o meu papel enquanto cirurgião especializado em doenças gastrointestinais é esclarecer todas as dúvidas, de maneira que tomem uma decisão informada e segura.
O desenvolvimento de técnicas e avanços tecnológicos tem permitido resultados cada vez melhores, com menor morbidade e mortalidade.
Consultar um médico com experiência em cirurgia hepatobiliar é essencial para entender as opções disponíveis e os riscos envolvidos em cada caso específico.
Neste artigo, reuni tudo o que você precisa saber antes de decidir pela cirurgia do fígado, que é o caminho para não criar expectativas irrealistas!
Indicações para cirurgia hepática
As indicações mais comuns para cirurgia hepática são:
- Tumores primários do fígado, como o carcinoma hepatocelular (HCC).
- Metástases hepáticas (principalmente de câncer colorretal).
Uma pesquisa internacional mostrou que 83 % das cirurgias hepáticas são realizadas para tratamento de câncer, sendo que 42,3 % para metástases de câncer colorretal e 17,9 % para carcinoma hepatocelular.
Cirurgia do fígado o que você precisa saber antes de decidir
Técnicas disponíveis
Atualmente, dispomos de diversas técnicas para realizar ressecções hepáticas. Em minha prática, utilizo tanto a abordagem convencional (aberta) quanto a laparoscópica, dependendo das características do tumor e do paciente.
De acordo com um inquérito nacional sobre cirurgia hepática no Brasil, 91 % dos centros já realizam procedimentos por via laparoscópica, ainda que representem uma pequena porcentagem do total de procedimentos.
Estudos internacionais mostram que aproximadamente 22 % das ressecções hepáticas são realizadas por via laparoscópica, apresentando benefícios como menor perda sanguínea e recuperação mais rápida quando comparada à cirurgia aberta.
Riscos e complicações
Explico aos meus pacientes que, como qualquer procedimento cirúrgico, a cirurgia hepática apresenta riscos.
Um estudo global recente mostrou que 42,2 % dos pacientes experimentam alguma complicação pós‑operatória, e 15,8 % desenvolvem complicações maiores.
As complicações mais frequentes incluem:
- Coleções intraperitoneais (12,5 %).
- Derrame pleural (12,5 %).
- Sangramento (6,8 %).
- Fístula biliar (4,5 %).
- Insuficiência hepática (1,1 %).
A taxa de mortalidade em 90 dias após a cirurgia é de aproximadamente 3,8 % em centros especializados.
O que esperar antes e depois da cirurgia
Antes da cirurgia, uma avaliação detalhada é feita para determinar a extensão da doença e a qualidade do tecido hepático remanescente.
É fundamental avaliar o volume do fígado que permanecerá após a ressecção, pois isso afeta diretamente o risco de insuficiência hepática pós‑operatória.
Em meu consultório, discuto com cada paciente que, em casos de volume insuficiente, técnicas como a embolização portal ou a cirurgia em dois tempos podem ser consideradas.
O tempo médio de internação após uma ressecção hepática é de aproximadamente 8 dias, podendo variar conforme a extensão da ressecção e a ocorrência de complicações.
A maioria dos pacientes retorna às atividades normais em cerca de 4 a 6 semanas após o procedimento.
Taxas de sucesso e sobrevida
As taxas de sucesso e sobrevida variam conforme a doença subjacente.
- Para pacientes com câncer de fígado em estágio localizado, a taxa de sobrevida em 5 anos após ressecção cirúrgica é de aproximadamente 35 %.
- Para aqueles submetidos a transplante hepático, essa taxa sobe para 60 – 70 %.
- Já para pacientes com metástases hepáticas de câncer colorretal, estudos recentes mostram taxas de sobrevida em 5 anos variando de 35 % a 57 % após ressecção hepática.
Volume cirúrgico e experiência do cirurgião
Como especialista em cirurgia hepática, sempre enfatizo aos meus pacientes que a escolha do centro e do cirurgião com experiência nesse tipo de procedimento é decisiva para o sucesso do tratamento.
Os resultados melhoram significativamente em centros com maior volume cirúrgico. Apenas 16,3 % dos centros no Brasil realizam mais de 50 ressecções hepáticas por ano, o que destaca a importância de procurar equipes com experiência adequada.
Um estudo internacional recente demonstrou que cirurgiões experientes realizam, em média, 40 ressecções hepáticas abertas e 30 laparoscópicas por ano. Essa experiência se traduz em menores taxas de complicações e mortalidade.
Conclusão
A decisão de realizar uma cirurgia hepática deve ser tomada após cuidadosa análise dos riscos e benefícios.
Como cirurgião especializado em cirurgia do aparelho digestivo, recomendo sempre uma discussão detalhada com seu médico sobre as opções disponíveis para seu caso específico.
Os avanços nas técnicas cirúrgicas, incluindo a abordagem laparoscópica e robótica, têm permitido procedimentos cada vez menos invasivos e com melhor recuperação.
Vale lembrar que cada caso é único e requer uma abordagem personalizada. No meu consultório, dedico tempo para esclarecer todas as dúvidas dos meus pacientes, pois acredito que a informação é fundamental para uma decisão consciente sobre o tratamento.